Há uma plataforma online para angariar computadores para os alunos que não têm forma de acompanhar as aulas à distância. Foi criada no dia 18 de março e já entregou 20 portáteis.
Com as escolas encerradas por causa da pandemia de covid-19, a solução tem passado pelo ensino à distância. Mas esta é uma solução que está longe de ser simples e de acesso universal: falta formação aos professores para o e-learning e muitos alunos não têm computadores e internet para acompanhar este tipo de aulas. Foi a pensar no primeiro problema que o professor Vítor Bastos criou o grupo E-Learning Apoio, que conta já com mais de 22 mil membros. Para a segunda dificuldade, criou agora o projeto #SomosSolução .
A ideia é a de fazer a ponte entre quem quer ajudar alunos carenciados a ter as ferramentas necessárias para continuar a aprender durante este período de isolamento social e as escolas que identificam as situações de necessidade.
“Fiz contactos com empresas e particulares que eu achava que estariam abertos a dar e a HP avançou logo com uma primeira oferta 20 computadores portáteis”, conta à SÁBADO o docente que teve a ideia, mas lançou o projeto em conjunto com Luís Fernandes, o antigo diretor do Agrupamento do Freixo (atualmente diretor do Centro de Formação da Póvoa do Varzim). “Fazia sentido ser o meu parceiro nisto porque tem os contactos todos dos diretores, é honesto e é bem conhecido no meio”.
Além da HP, respondeu à chamada a OMC, uma empresa que ofereceu cinco impressoras para que as escolas que não tinham outra forma de garantir o ensino durante o período de encerramento possam imprimir trabalhos para os alunos levarem para casa.
A ideia é, contudo, que qualquer um possa contribuir. Quem quiser doar um portátil, só precisa de inscrever-se no site e estar disponível para pagar “uma máquina de baixo custo, mas com todas as características necessárias, por cerca de 350 euros”.
Outra opção para particulares ou empresas será aderir à campanha de usados recondicionados. “Há computadores usados que já não servem as empresas, mas ainda têm todas as condições para ser usados pelos alunos no ensino à distância”, diz Vítor Bastos.
As escolas que queiram inscrever-se têm de cumprir alguns critérios como “ter plataformas digitais já implementadas” e acesso à internet, mas também assegurar que ajudam os alunos a utilizar os portáteis e que os respetivos diretores se envolvem diretamente no processo.
Neste momento, há já 25 escolas inscritas no site, que põe os diretores a apresentar na primeira pessoa as necessidades dos seus estudantes.
Para que quem doa tenha a garantia de que os portáteis chegam a quem precisa, os doadores podem escolher a que escola (de entre as inscritas) querem fazer o donativo e poderão fazer diretamente a entrega do material ou informar os diretores sobre o local onde o poderão levantar.
No caso dos primeiros 20 computadores doados, 10 foram para o Agrupamento de Escolas Cego do Maio, na Póvoa do Varzim, e os outros 10 para o Agrupamento de Escolas da Boa Água, em Sesimbra. “Estamos a organizar a entrega por ordem de registo dos pedidos das escolas, sendo que cabe à escola fazer seleção dos alunos carenciados”, explica Vítor Bastos.
Seguindo essa ordem, as próximas escolas a receber as ofertas que cheguem ao projeto são o Agrupamento de Escolas Fernando Casimiro Pereira da Silva, em Rio Maior, e o Agrupamento de Escolas Vila Nova de Cerveira.
Fonte: sabado.pt